Torção Gástrica em Cães: uma Emergência Veterinária!
A torção gástrica em cães é uma síndrome importante e perigosa que pode levar o cão ao óbito em poucas horas.
Também conhecida como Síndrome da Dilatação Vólvulo Gástrica (SDVG) ocorre quando o estômago se dilata e gira em torno de seu próprio eixo, prendendo gás e alimento no seu interior devido à obstrução dos orifícios cárdia e piloro (entrada e saída do estômago).
Esquema da torção gástrica: (A-D) Estômago do cão rotacionando em sentido horário da esquerda para direita, a distenção gástrica aumenta, ocorre a obstrução do cárdia e do piloro impedindo o esvaziamento gástrico e ocasionando a DVG. Fonte: Slatter (2007).
É considerada uma emergência clínica e cirúrgica que deve ser identificada o quanto antes, pois traz risco à vida, apresentando alta taxa de mortalidade para os animais acometidos.
O que pode causar torção gástrica em cães?
Existe uma série de fatores que contribuem para a torção gástrica, como:
– realização de exercício após as refeições (correr e pular)
– ingestão de alimentos que fermentam muito
– o cão se alimentar uma única vez no dia
– ingestão de água após a refeição em grande quantidade
– esvaziamento gástrico retardado e aerofagia (engole ar).
As raças mais predispostas à torção gástrica são as de grande e gigante porte e de tórax profundo.
Raças acometidas: Dogue Alemão, o Boxer, o Pastor Alemão e o Mastiff são algumas das raças suscetíveis a desenvolver a torção gástrica.
Quais os sintomas da torção gástrica em cães?
Os sintomas causados pela torção gástrica são específicos e na grande maioria das vezes surgem cerca de 3 horas após o cão ter se alimentado.
O primeiro sinal a ser notado é o aumento abdominal repentino com uma inquietação progressiva, dificuldade respiratória, com salivação intensa e mímica de vômito, sem, no entanto conseguir vomitar.
O estômago torcido faz com que alguns vasos sanguíneos importantes fiquem esmagados e com isso o suprimento sanguíneo de diversos órgãos é afetado, podendo levar o animal a entrar em choque dentro de algumas horas.
Qual o tratamento para torção gástrica em cães?
O tratamento inicial é baseado na descompressão do estômago, para que seja retirado todo gás da região e o inchaço possa diminuir, diminuindo a pressão intra-abdominal, normalizando a respiração e circulação sanguínea.
Em seguida, estabelece-se a fluidoterapia, se for necessário com uso de medicamentos antiarrítmicos e antibioticoterapia. Com base nessa primeira assistência e estabilização do quadro do animal, este será encaminhado ao procedimento cirúrgico de urgência.
O esvaziamento completo e reposicionamento do estômago feitos na cirurgia através da fixação do órgão à parede abdominal diminui o risco de recidiva da torção gástrica que cai de 80% para 5%. Mesmo assim a taxa de mortalidade de cães tratados cirurgicamente é elevada.
Por se tratar de uma síndrome grave e muitas vezes fatal a prevenção é o melhor caminho a seguir.
Como prevenir a torção gástrica em cães?
Fracionar a alimentação oferecendo a ração 2 a 3 vezes ao dia, evitar a ingestão de água em grande quantidade durante as refeições e evitar os exercícios violentos (tais como pulos) logo após alimentação podem contribuir para o não surgimento da torção gástrica.
Fornecer rações ricas em fibras e com baixa taxa de carboidratos evitam a alta fermentação, o acúmulo de gases e consequentemente a dilatação gástrica.
Portanto, fique atento e busque sempre a ajuda do médico veterinário o quanto antes.
Autora do artigo: Médica Veterinária MSc. DSc Daniela Fantini Vale